O avanço da tecnologia está revolucionando a atuação das forças de segurança, oferecendo novas ferramentas para prevenir crimes, aumentar a eficiência e reforçar a confiança das comunidades no poder público.
Assim, soluções como inteligência artificial (IA), aprendizado de máquina e Internet das Coisas (IoT) trazem inovações que ajudam a enfrentar desafios complexos na segurança pública. Confira alguns exemplos!
Câmeras de segurança, biometria e monitoramento inteligente
As câmeras de segurança têm sido fundamentais na vigilância urbana e, atualmente, contam com tecnologias avançadas, como:
- Alta resolução e visão noturna;
- Reconhecimento facial, permitindo a identificação de suspeitos em tempo real;
- Monitoramento inteligente, que analisa padrões de comportamento suspeitos e alerta as autoridades automaticamente;
- Integração com centros de comando e controle, permitindo ações coordenadas e resposta rápida.
No Brasil, um dos exemplos mais emblemáticos do uso dessas tecnologias é o Programa Smart Sampa, implementado no município de São Paulo. O programa utiliza uma extensa rede de câmeras distribuídas estrategicamente pela cidade para capturar imagens em tempo real. Então, as imagens são processadas por algoritmos avançados, capazes de realizar reconhecimento facial, leitura automática de placas de veículos e a emissão de alertas de intrusão, fortalecendo a capacidade de monitoramento e resposta rápida.
De acordo com dados da prefeitura, desde sua implantação em 2024, o programa já conta com resultados expressivos, tendo contribuído para a captura de mais de 500 foragidos da justiça, cerca de 1.700 prisões em flagrante e localização de mais de 30 pessoas desaparecidas, por exemplo.
Câmeras corporais (Body-worn cameras)
O uso de câmeras corporais afixadas nos uniformes dos policiais tem se tornado uma prática crescente nas forças de segurança mundo afora. Embora ainda haja algumas controvérsias técnicas e éticas sobre seu uso, há pouca divergência em torno de sua contribuição para o aumento da transparência na interação entre os policiais e os cidadãos.
Dentre as principais aplicações para esses equipamentos, estão:
- Registro visual, em tempo real, de ações policiais, aumentando os meios de prova e reduzindo disputas sobre os eventos ocorridos durante as ações.
- Prevenção e redução de conflitos pela moderação de comportamentos face à gravação de imagens.
- Aperfeiçoamento do treinamento dos policiais pelo exame e análise técnicos das ações policiais capturadas nas imagens.
Exemplos práticos de aplicação das câmeras corporais podem ser encontrados em literatura recente, dando conta de efeitos como redução nas queixas contra os policiais e aumento das taxas de condenação em casos de agressão. No Brasil, por exemplo, o uso de câmeras corporais na Polícia Militar do Estado de São Paulo tem sido associado a reduções no número de mortes durante ações policiais.
Inteligência artificial e big data
Com o uso de IA e big data, órgãos de segurança têm avançado de forma significativa na capacidade de prevenção e predição, através de:
- Mapeamento de áreas com maior incidência criminal (hotspot policing);
- Identificação de padrões de crimes para o planejamento de ações preventivas;
- Integração de bancos de dados para identificação de suspeitos.
Um dos exemplos dessas aplicações é conhecido como sistema PredPol (Predictive Policicing) utilizado em várias cidades norte-americanas. Ele combina Big Data e inteligência artificial para prever locais e horários em que crimes têm maior probabilidade de ocorrer. O uso desse sistema tem propiciado redução de até 30% de crimes patrimoniais (roubos e furtos), bem como melhora na alocação dos recursos públicos para a prevenção de crimes.
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Drones para monitoramento e vigilância
Os drones estão cada vez mais presentes nas operações de segurança pública. Conforme levantamento feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em 2023, eles são a tecnologia mais utilizada no combate à criminalidade no Brasil, sendo empregados por 63% das forças de segurança pública.
Equipados com câmeras de alta resolução, sensores térmicos, visão noturna e capacidade de transmissão em tempo real, os drones permitem que as forças de segurança tenham uma visão aérea detalhada de áreas críticas, sem expor agentes a riscos. Ou seja, seu uso permite uma vigilância estratégica e um tempo de resposta mais ágil em diversas situações.
Entre suas principais funções estão:
- Monitoramento de eventos de grande porte, como shows e manifestações;
- Monitoramento, fiscalização e controle de trânsito;
- Busca por pessoas desaparecidas em áreas remotas, regiões montanhosas ou áreas afetadas por desastres naturais;
- Apoio em operações policiais, oferecendo imagens em tempo real;
- Visão ampla e estratégica, auxiliando na tomada de decisões.
Internet das Coisas (IoT) e cidades inteligentes
A Internet das Coisas (IoT) vem desempenhando um papel importante no desenvolvimento de cidades inteligentes, integrando dispositivos e sensores conectados para melhorar a qualidade de vida, a segurança e a eficiência dos serviços urbanos. Esses dispositivos capturam e transmitem dados em tempo real, permitindo uma gestão mais ágil e precisa das operações municipais.
Exemplos de aplicação incluem:
- Sensores de detecção de tiros;
- Iluminação inteligente, que ajusta a intensidade da luz em locais com movimentação suspeita melhorando o nível de segurança e produzindo economia no consumo de energia;
- Veículos policiais conectados, com acesso em tempo real a bancos de dados e comunicação instantânea com centrais de comando.
Cidades inteligentes
O conceito de cidade inteligente está diretamente ligado ao uso da tecnologia para melhorar a qualidade de vida da população e otimizar a gestão urbana. Para ser considerada inteligente, uma cidade deve atender a alguns critérios, como, por exemplo:
- Investimento no capital humano e coexistência entre grupos diferentes;
- Desenvolvimento econômico e sustentável;
- Governança participativa cidadã e mobilidade facilitada;
- Ocupação urbana planejada e impacto global;
- Acesso à tecnologia.
Além disso, esses critérios somam-se certificações internacionais que garantem o alinhamento dessas cidades com os padrões globais de qualidade, eficiência e sustentabilidade, além de orientar políticas públicas e investimentos, promovendo um ambiente mais resiliente e inovador.
Cidades inteligentes brasileiras
No Brasil, a implementação de cidades inteligentes segue diretrizes estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), alinhadas aos padrões internacionais das normas ISO 37120, ISO 37122 e ISO 37123.
São José dos Campos (SP) foi a primeira a obter esse título, em 2022. Posteriormente, em 2024, o Ranking Connected Smart Cities divulgou uma nova lista das cidades inteligentes brasileiras, sendo as 10 primeiras:
- Florianópolis (SC)
- Vitória (ES)
- São Paulo (SP)
- Curitiba (PR)
- Niterói (RJ)
- Balneário Camboriú (SC)
- São Caetano do Sul (SP)
- Belo Horizonte (MG)
- Barueri (SP)
- Salvador (BA)
Como resultado, a transformação das cidades por meio da tecnologia revela uma mudança paradigmática na gestão urbana, promovendo uma administração mais proativa e orientada por dados.
Já na segurança pública, a aplicação de tecnologias está redefinindo a forma como crimes são prevenidos, monitorados e investigados.
Esse processo, no entanto, traz consigo desafios significativos, incluindo a necessidade de uma infraestrutura digital robusta, a capacitação técnica dos agentes envolvidos e a adoção de políticas públicas que equilibrem inovação e proteção de direitos.
Por outro lado, a dependência crescente de dispositivos conectados e inteligência artificial impõe questões éticas relacionadas à privacidade, à segurança cibernética e aos demais riscos a elas inerentes.
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